segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Porque a nossa guerra é outra - Parte VI

Está assim justificado o porquê de andarmos todos em direcções diferentes ou até mesmo opostas. Basta pensarmos que a nossa guerra é outra para seguirmos um caminho sozinho na maneira de andar mas inundado de pessoas que caminham famintas para uma meta qualquer, pessoas que se atropelam mutuamente e seguem as suas vidas. O tempo nunca pára e tu preferes caminha-lo sozinho, mesmo quando existem outros que te acompanham o pensamento e a alma. O ser humano é um ser social, as pessoas fazem falta às pessoas, o amor e amizade, uma empatia temporária ou eterna é essencial, então porquê caminhar sozinho? Para quê?

Está assim justificado o porquê de cada um caminhar por si próprio, de rosto tapado pela solidão, atropelando e deixando-se atropelar por outros: neutros, competidores, aliados. A nossa guerra às vezes é mesmo outra, mas quase sempre tens alguém que pode ajudar a trava-la. A tua guerra é outra? Que seja, mas deixa que outros iguais te ajudem a trava-la.

Desculpa cósmica - Parte V

"Achas que o diabo existe? Um ser que corrompe e destrói o Homem?(Calvin) "Acho que o Homem não precisa de ajuda."(Hobbes) Este diálogo fantástico fez-me rir imenso na altura em que o li. Depois reflecti. Mais uma vez estava perante uma desculpa cósmica. Uma desculpa cósmica é algo que tira a responsabilidade ao ser humano nos actos por ele cometidos e que lhe dá, de certa forma, uma fuga covarde. Não estou a par de quem vive ou governa o Universo, mas se o Homem age mal e comete erros só o deve a ele próprio.

"Achas que o diabo existe?" Não sei. Sei que o ser humano é sempre capaz de fazer mais do que aquilo que faz.

Morrer na praia - Parte IV

Dizem as pessoas: é mau "morrer na praia", tomando um exemplo literal, um naúfrago que sobrevive no mar, que luta pela vida, que dá tudo por tudo para chegar a terra e quando chega a terra já não encontra força para pedir ajuda ou para chegar a alguém. Algo que nos acontece muitas vezes. Quantas vezes pensamos dar o nosso máximo para chegar a terra mas depois falta aquela réstia de força ou de vontade essencial para ficarmos bem. Por muito belo que seja suar em vão a verdade é que muitas vezes de nada vale. Na caminhada nem sempre devem existir objectivos, mas escolhida uma meta há que lutar por alcança-la, melhor, há que lutar por ultrapassa-la.

Dizem as pessoas: isso é "morrer na praia", então não morras. As forças só acabam quando morres, até lá temos força para tudo. Usando palavras minhas:

A vida é curta,
Mas enquanto te restar um sopro de vida
Luta.
A batalha diária que travas
Às vezes é injusta,
Mesmo assim luta.
(...)
Às vezes a força já é pouca,
Não faz mal, respira fundo
E Luta. (Conclusão;A outra face)

Ausência de profetas - Parte III

Num mundo cada vez mais degradado, onde reina um inúmero género de pequenas misérias chamadas pelo substantivo colectivo Miséria é urgente uma voz que nos comande ou nos guie.
Os verdadeiros sábios já morreram há muito tempo, vivemos hoje na era dos computadores, das bases de dados infinitas, da aprendizagem rápida e de conteúdo curto. Tantos outrora tentaram a sua sorte:
Gandhi, Sócrates, Jesus… E de certa maneira alguns dos maiores ditadores. Maneiras de pensar tão fascinantes e tão dificilmente simples para o nosso ser complexo.
Na conquista do nosso sonho e plenitude, quer pessoal ou colectiva, rastejamos por um pouco de fé e esperança onde tocar com um dedo.

Num mundo cada vez mais degradado luto pela vitória de uma melhoria mundial. De que vale essa luta? Pode não valer de nada mas estou a tentar. De tentativas está o inferno cheio, mas sozinho também não consigo.

Acções pensadas de um louco - Parte II

Não vivo num mundo à parte de todos os outros nem os outros vivem num mundo à parte do meu. São dois mundos diferentes que caminham ao mesmo tempo. Saboreio o estudo simples da sociedade que me rodeia.
Gosto de apreciar cada passo mesmo quando este não é mais do que um recuar. O tempo nunca pára mas a vida avança e recua, não de forma poética como as ondas, mas de uma maneira originalmente subjectiva.

Não vivo num mundo à parte de ninguém, vivo no mesmo mundo que todos vocês. As minhas acções são pensadas como as vossas e as minhas acções são loucas como as vossas. Vocês são loucos? Eu sou e com algum orgulho. Ousei a loucura, é dos loucos o reino dos céus…

A lágrima - Parte I

Estava sentado. Debruçado sobre o peso da sua própria importância na respiração do universo. A respiração calma escondia a pressão e a exaustão à qual era permanentemente obrigado a suportar.
A sua mente era um mistério, talvez o mistério mais cobiçado de toda uma história por ele escrita. Ignorando a ironia do próprio pensamento pensou para consigo: “a vida é estranha”. Pensando melhor a vida não era estranha, era complicada. E escrevem os poetas que a vida é simples e bela… Pobres criadores de coisa alguma.

Estava sentado e debruçado sobre o seu próprio peso, pois escolheu um momento para descansar e meditar. Sabia no entanto que deixava coisas por fazer e isso custava-lhe.
Engana-se quem pensa que Deus nunca chorou.